terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Povoados Fortificados e Vegetação envolvente

Resumo: A base deste trabalho vai ser o estudo da vegetação de forma a compreender qual a relação
do homem proto-histórico com a natureza dos locais onde implementavam os castros, ou povoados
fortificados.
Sabe-se que por norma a escolha dos locais para a sua implementação era decidida pela geografia que
os mesmos apresentavam, normalmente locais com grande altitude, e boa visibilidade, escolhidos de forma estratégica. Desta forma é importante perceber se a vegetação era uma característica fundamental para a escolha do local.
A vegetação, tal como a espécie humana está em constante evolução, por este motivo penso que será
proveitoso e enriquecedor estudar e tentar perceber qual o tipo de vegetação que os proto-históricos
escolhiam para serem envolvidos, e qual a relação existente entre a vegetação e os povoados.


Sabemos que a vegetação hoje em dia, tem uma relação próxima com o homem o mesmo se passava
com os nossos antepassados.
A maioria das vezes houve interferência humana na vegetação mais próxima dos povoados fortificados, através de diversas actividades. Estas eram condicionadas pela oferta ambiental de cada região.
Um povoado fortificado, ou castro, são os restos arqueológicos, vulgo ruínas, de um povoado
específico da Idade do Cobre e da Idade do Ferro, característicos das montanhas do noroeste da Península
Ibérica, na Europa.
Desta forma torna-se indispensável falar da interdisciplinariedade entre arqueologia e conservação da
natureza; fazendo uma breve definição das duas disciplinas, que se cruzam neste trabalho.
Arqueologia é uma disciplina científica pertencente às ciências sociais, que estuda as sociedades já
extintas, através dos restos materiais, quer sejam objectos móveis, ou objectos imóveis; no entanto incluem
também a relação/intervenções feitas pelo homem no meio ambiente, e é nesta fase que a conservação da
natureza se relaciona com a arqueologia.
Podemos afirmar que já os nossos antepassados se preocupavam com o desenvolvimento sustentável; pois “conservação da natureza é o manuseamento do uso humano na natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir maior benefício, em bases sustentáveis, às actuais gerações, mantendo o seu potencial de satisfação às necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral.” (fonte: SNUC – Sistema nacional de unidades de conservação, lei nº9985 de 18-07-2000 apud. ABSY, 2005)

Castro de Colmo, Vigo.
Vegetação Local
Os povoados fortificados da proto-história normalmente localizavam-se em encostas escarpadas, com
alguma proximidade aos rios.
Na actualidade alguns desses povoados estão cobertos por bosques de Quercus Pyrenaica, uma
espécie autóctone.
Estes bosques conservam-se, pois têm alguma importância na economia, fornecem madeira para
construção, material combustível, alimento para o gado e reserva de caça.
Não só há bosques de Quercus Pyrenaica, como também existem bosques com uma extensão e
densidade relativa de Quercus Ilex, estes normalmente aparecem em plainos abrigados, solos xistosos e
pouco profundos, rodeados por cumes altos.
Outra espécie também importante é a Castanea Sativa, que se encontra em soutos, e em castinçais.
A extensão de Castanea Sativa foi diminuindo devido a vários factores, entre eles destacam-se a
doença da tinta, fogos de grandes dimensões, e a expansão da batata que substituiu a castanha na dieta
alimentar.
Embora haja grandes áreas de florestas, há locais de pastoreio e locais para agricultura.

Castanheiro gigante de Guilhafonso uma idade estimada em mais de 400 anos. Castanea Sativa


 Discussão – Paisagem da Idade do Ferro
Através da realização de análises palinológicas e osteológicas, chegaram-se a vários resultados. Neste
período histórico a agricultura cerealífera ocuparia uma importante faixa da paisagem.
Os espaços abertos de pastagens, e campos de cereais eram intercalados com matas de recuperação
criando assim um azulejo na paisagem proto-histórica.
Pensa-se que os espaços não arborizados estejam relacionados com a pecuária e a pastoricia ou com
ambas as actividades, e relacionados também com a prática das queimadas mediante um sistema de roças.
Durante este período a caça era bastante importante, com base nas análises osteologicas puderam-se
fazer listas de fauna cinegética existente na zona de Trás-os-Montes.
A fauna referente á caça é: ursus sp, linx pardina, rupricapra pyrenaica, capreolus capreolus, cervus
elaphus, sus scrofa.
Na actualidade o ursus sp, e o linx pardina já não existem neste território a extinção desta espécie
deve-se principalmente a dois factores: eram as espécies mais sensíveis à pressão humana; e havia grande
actividade cinegética.
A presença de cervideos e de espécies silvícolas demonstra que os locais onde se encontravam os
povoados integravam espaços de floresta.
Desta forma supõem-se que manchas de florestas de Quercus Ilex e/ou Quercus Pyrenaica cobriam as
vertentes dos rios e as encostas das serras.
Em termos de fauna doméstica há vestígios de: bos tauros, equus caballus, sus scrofa domesticus,
capra hircus, e ovis arie; que seriam alimentados em pastagens localizadas nas zonas mais húmidas

Conclusão
Estes povoados demonstram uma ecologia equilibrada, em que os habitantes tinham um bom regime
alimentar, e por isso os povoados não poderiam ser de grandes dimensões, pois criar-se-iam excedentes
demográficos, e fazia com que houvesse reflexos negativos na estrutura da paisagem e do meio-ambiente.
Após este estudo, com base na análise bibliográfica pode-se contrariar uma primeira teoria em que se
defendia que a economia castreja era basicamente agrícola.
“Sugerimos que a economia da Idade do Ferro se desenvolveu segundo diferentes modelos de
aproveitamento dos recursos naturais.” (Sande Lemos, 1993)
A intervenção humana na floresta pode se explicar por estar relacionada com várias estratégias como:
limpeza do sub-bosque para desenvolver a pastorícia; o corte selectivo de certos indivíduos para permitir o
crescimento de outras espécies; e também a desflorestação para obter zonas de cultivo.


Referências
[1] Pereira, Paulo Jorge da Silva (2006). ‘Parque Natural de Montesinho: Enquadramento Ambiental’ in
Património Geomorfológico: conceptualização, avaliação e divulgação. Aplicação ao Parque Natural de
Montesinho, volume I, pág. 119 – 139.
[2] Seijo, María Martín; Figueiral, Isabel; Bettencourt, Ana; Gonçalves, António H.Bacelar; Alves, M. I.
Caetano (2011). ‘A floresta e o mato. A exploração dos recursos lenhosos pelas sociedades da Idade do
Bronze no Norte de Portugal’ in Florestas do Norte de Portugal – História, Ecologia e Desafios de Gestão,
68 – 80.
[3] Lemos, Francisco Sande (1993). O povoamento romano de Trás-os-montes Oriental, volume I e II.
[4]Castro, José (2003). ‘Valor ecológico da paisagem rural de Trás-os-Montes’ in II Jornadas Ibéricas de
Ecología de Paisaje – Presente y Futuro de la ecología del paisaje en la Península Ibérica, 73 – 77.
[5]Aguiar, Carlos; Pinto, Bruno. Paleo-história e história antiga das florestas de Portugal Continental – Até à
Idade Média, 15 – 53.
[6] Lemos, Francisco Sande; Cruz, Gonçalo; Fonte, João; Valdez, Joana (2011). ‘Landscape in the Late Iron
Age of Northwest Portugal’ in Atlantic Europe in the first millennium BC, 183 – 204


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Resposta aos céticos das Alterações Climáticas

Nos últimos tempos têm havido um crescente numero de pessoas, que se dizem cépticas no que toca ás alterações climáticas. O cepticismo pode ser entendido como um aliado da ciência e da investigação, o facto de haver discordância, acaba por fomentar a a busca de melhores argumentos, de reforçar aquilo em que se acredita. Na verdade sempre houve discordância em todas as áreas; finanças, economia,futebol, direitos humanos, religião, etc.
Os cépticos  ganharam voz e mais força, depois dos acontecimentos da conferência de Copenhaga. O que aconteceu nessa conferência foi um fracasso total, devido ao roubo de diversa informação de computadores da Universidade de East Anglia, em Inglaterra.

Citando o Blog AstroPT : "Foram roubados cerca de 1000 e-mails, mais de 3000 outros documentos, e muita informação pessoal sobre as pessoas que lá trabalham ou que comunicam com essa universidade (números de telefone pessoais, moradas, etc).
Ou seja, para que não haja dúvidas, repito que tudo isto começou por terem sido ilegalmente retiradas à universidade informações pessoais das pessoas que por lá trabalhavam ou que comunicavam com a Universidade (era como se vos roubassem a carteira, todos os vossos documentos, e cartões multibanco com os códigos para levantarem dinheiro… e com essas informações fossem a seguir roubar as casas dos vossos amigos!).
De entre esses quase 5000 documentos, muitos com mais de 10 anos, a controvérsia prende-se com SOMENTE 5 e-mails. E nem é a totalidade do e-mail. Desses 5 e-mails, os conspiradores retiram somente 1 frase aqui e ali por e-mail, e imaginam logo conspirações. Mais, os e-mails levam basicamente à mesma pessoa, Phil Jones, que era o director da unidade de investigação dessa universidade, e despediu-se. A outra pessoa envolvida era o Michael E. Mann da Pennsylvania State University, que ficou para sempre desacreditado.

A grande fonte da conspiração foi o cientista ter usado a palavra “truque” num e-mail para descrever os dados que eles publicavam. Os “truques” são usados na ciência todos os dias. Vejam lá quando andavam na escola e recorriam frequentemente a “truques matemáticos”. Eram mesmo truques? Claro que não! Pelo menos não na asserção da palavra em termos populares. 2 + 2 = 4 com ou sem truques! O que se fazia e faz é usar uma estratégia mais simples e confiável para resolver o problema. Em matemática usa-se “atalhos de pensamento”, os tais “truques”. Não há nada de secreto, não há qualquer manipulação. 2 + 2 = 4 mesmo com “truques matemáticos”
Só porque existia a palavra truque num dos email ??

O planeta não está aquecer
Outro argumento que os cépticos adoram, é dizer que o planeta não está na verdade aquecer. Segundo eles o que acontece é o fenômeno designado de "Ilhas de calor". Acreditam que apenas as cidades, ou a temperatura envolto das mesmas está na verdade aumentar, devido a vários factores. Um dos grandes defensores, das ilhas de calor, é o professor Molion. Um céptico convicto, que afirma que tudo isto é uma farsa e que na verdade é um plano dos países capitalistas.
Para responder ao professor Molion existe um estudo, que foi feito pelos próprios cépticos em que pretendiam provar que a temperatura global não estava aumentar, mas sim e apenas as cidades, devido ao designado efeito de ilhas de calor. Alguns afirmando inclusive que estamos prestes a entrar numa era glaciar.
Mas este estudo veio mesmo desmentir as crenças e confirma que a Terra está mesmo mais quente. Podem ler a noticia do jornal Público aqui
A temperatura de superfície, é uma medida de temperatura atmosférica. Mas mais de 80% da energia retida pelo efeito estufa intensificado vai para o aquecimento dos oceanos.

A temperatura no Planeta resulta de um equilíbrio entre a energia e a que sai. A variação do sistema climático ocorre quando existe um desequilíbrio devido a forças externas (forcings) naturais, antropogénicas ou fruto de uma mudança na dinâmica interna do clima. Referimo-nos a uma variação acentuada do clima, que se prolonga no tempo e pode ser mensurável, como foi referido, e que difere da irregularidade natural do clima, fruto da dinâmica interna do Planeta. Esta irregularidade natural inclui desde a simples mudança das temperaturas de noite para as de dia, a fenômenos mais intensos como o El Niño, La Niña, por exemplo, que influenciam o clima de uma forma periódica.
Os dois principais fatores externos naturais são as erupções vulcânicas e as variações na radiação solar, sendo este último fundamental para providenciar a energia que o sistema climático necessita


O aquecimento global não é causado pelo CO2 mas sim pelo Sol

 Se por um lado existe um acréscimo no input de dióxido de carbono na atmosfera, este não é acompanhado por um output do sistema. Trocas rápidas (entre menos de um ano e algumas décadas) de CO2 apenas podem ocorrer entre a atmosfera e a biosfera (plantas, animais e solo) ou as águas superficiais dos oceanos. No entanto o input de CO2 altera a sua composição química, tornando as águas oceânicas superficiais mais ácidas e apenas processos com a duração de escalas de tempo geológicas (milhares de anos) possibilitam que estas águas, carregadas de dióxido de carbono, se envolvam com águas mais profundas. Este é depositado no fundo dos oceanos onde a sua deposição em sedimentos constitui o único processo de remoção natural e permanente do dióxido de carbono. A composição química dos oceanos que ao tornarem-se mais ácidos (devido ao aumento da concentração de dióxido de carbono) vão perdendo a capacidade de absorção de CO2 uma vez que se vão saturando.

 O que nós fazemos é perturbar este equilíbrio. Pois o nosso CO2 não é absorvido na totalidade, pelo que permanece no ar. Para atenuar o problema as florestas estão a ser cada vez menos e o fitoplanton está a diminuir, devido ao aquecimento, acidificação dos oceanos.
Para reforçar a ideia de que o Co2 aumenta a temperatura existe uma experiência muito simples para se fazer em laboratório, que pode ser lida aqui ou aqui

Quanto ao sol tem, obviamente, uma influência forte no clima, pois é a fonte de quase toda a energia do clima da Terra. Uma comparação entre sol e clima nos últimos 1150 anos mostrou que as temperaturas estão estreitamente relacionadas com a atividade solar.Todavia, após 1975, as temperaturas aumentaram não coincidindo com a atividade solar. Isso levou o estudo a concluir que “durante estes últimos 30 anos a irradiância solar total, irradiância solar de ultravioleta e o fluxo de raios cósmicos não mostraram nenhuma tendência  significativa de modo a influenciar o atual aquecimento, de forma que pelo menos este episódio recente de aquecimento deve ter outra causa. De fato, várias medições independentes de atividade solar indicam que o sol mostrou uma ligeria tendência de resfriamento desde 1960, durante o mesmo período que as temperaturas globais se elevaram. Durante os últimos 35 anos de aquecimento global, sol e clima têm se movido em direções opostas.
 Irradiância Solar Total de 1880 a 1978 de Krivova et al 2007 (dados). Irradiância Solar Total de 1979 a 2009 do PMOD.
Campo magnético total do sol. Como você pode ver os resultados em declínio desde 1975
Basta uma pesquisa rápida no Google "atividade solar últimos anos" para termos rapidamente a respostas. Aqui podem acompanhar a atividade solar em direto, e vários gráficos indicam que atividade do sol deveria de facto estar arrefecer.


O nível de água dos Oceanos
É importante também, referir que uma parte significativa da subida do nível dos oceanos deriva da expansão térmica dos mesmos (quando a água aquece expande-se). Os oceanos têm vindo a aquecer, a profundidades cada vez mais elevadas, alterando a composição química destes e pondo em causa diversos sistemas bastantes sensíveis a pequenas alterações e que estão na base da cadeia alimentar.
Quanto aos icebergs, eles não vão alterar em nada o nível do mar, isso é um principio de Arquimedes, colocando um copo de água cheio com um cubo de gelo lá dentro não vai alterar em nada o nível da água no copo, visto o gelo ser mais denso. Só o gelo em terra é capaz de fazer aumentar o nível do mar, já o gelo nada ou pouco altera o nível do mar. O fenômeno pode ser explicado matematicamente aqui
Ou seja o aumento do nível do mar só se as grandes geleiras da Antártica e da Groenlândia derretessem, visto que estão em terra, mas o gelo marítimo do pólo Norte não contribui para isso, visto ser gelo em suspensão no líquido, se derreter, não elevará o nível da água.
O que acontece é que o gelo da Gronelândia está mesmo a derreter.
A maior parte da população mundial vive junto à costa. No Bangladesh, por exemplo, 17 milhões de pessoas, aproximadamente, vivem numa zona costeira com menos de um metro acima do nível do mar. Ver aqui

As Alterações Climáticas sempre existiram
A capacidade que a paleoclimatologia nos oferece de “olhar para trás” no tempo e perceber como o clima se comportou mediante a influência de uma multiplicidade de fatores naturais. A caracterização do passado é feita em largos períodos temporais, utilizando várias fontes como os núcleos de gelo, nomeadamente do Antártico e da Gronelândia, anéis de árvores, formações sedimentares, entre outros.Através da informação paleoclimática recolhida é possível reconstruir cenários climáticos que demonstram as consequências no ambiente geradas por excessivas quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. De facto, estes fenômenos de aquecimento no passado possuem uma origem natural.

O clima instável

Um súbito aquecimento durante a Era Terciária, há aproximadamente 56 milhões de anos ou seja 10 milhões de anos depois da extinção dos dinossauros no Cretáceo. As regiões polares e a latitudes mais elevadas encontravam-se maioritariamente livres de gelo, podendo as temperaturas do ar alcançar os 25°C e do oceano Ártico. A origem deste aquecimento, todas as hipóteses parecem apontar para uma libertação massiva de hidratos de metano (a oxidação do metano origina CO2).

Mais recentemente o período a meio do Plioceno, há aproximadamente 3 milhões de anos atrás, a temperatura média global encontrava-se 2°C a 3°C acima dos valores pré-industriais; o CO2 entre 360 e 400 ppm e os oceanos 25m acima do nível atual, um período quente que promoveu o desenvolvimento dos hominídeos.

Durante o Pleistocénico (Quaternário), a Terra arrefeceu e entrou num ciclo de períodos glaciares intercalados por períodos mais quentes (interglaciares), ciclos resultaram numa variação bastante acentuada das temperaturas. Durante os períodos glaciares, as temperaturas médias globais encontrar-se-iam 3°C (trópicos) a 5°C (latitudes mais elevadas) abaixo das atuais,  a camada de gelo do Ártico a atingir grande parte do Reino Unido e norte da Alemanha.

A transição para o Holoceno (período atual)acontece pouco depois do final da última grande glaciação, há cerca de 10 000 anos, promoveu o desenvolvimento da civilização humana, nomeadamente através da agricultura, prática impossível ou quase impossível na era anterior, devido ao clima frio e seco em quase todas as regiões.
Uma cena no gelo de Hendrick Avercamp (1585 - 1634), Países Baixos. O frio extremo do inverno de 1608 que inspirou esta cena foi típico durante o período de 1565 a 1665. Pequena idade do Gelo

Destacam-se apenas dois períodos onde existiu uma mudança mais acentuada: o Período Quente Medieval durante o século XI e XIV e a Pequena Idade do Gelo associada ao período entre os séculos XV e XIX. Devido à falta de registos fiáveis sabe-se apenas de relatos de aumento das temperaturas e da precipitação que se prolongam por um período dentro dos séculos referidos para o Período Quente Medieval.Informação paleoclimática recolhida inicialmente revelava que este tinha sido o período mais quente nos últimos 2000 anos, com um aumento de temperatura entre 1°C e 2°C. No entanto informação recente veio revelar que na realidade a temperatura média era de 0.3°C inferior à atual, ou seja, o que foi um período anormalmente quente face às temperaturas médias da época, é, quando comparado com as temperaturas atuais, um período mais frio, o que só vem atestar o aumento de temperatura atual face a alguns séculos atrás. Por outro lado a Pequena Idade do Gelo traduziu-se numa diminuição da temperatura média de 0.6°C durante o período referido. O vulcanismo particularmente activo durante a Pequena Idade do Gelo bem como mudanças na intensidade da radiação solar foram factores decisivos na influencia.

Os ultimos 100 anos

O final do século XIX e inícios do século XX é marcado por um aumento ligeiro mas gradual da temperatura média global (no rescaldo da Pequena Idade do Gelo), com acentuadas variações regionais. Este aumento acentuou-se particularmente entre 1910 e 1940. No entanto, desde 1970 que as temperaturas têm vindo a aumentar a um ritmo bastante mais acelerado que no início do século XX. De facto, os 13 anos mais quentes, desde que existem registos, ocorreram todos nos últimos 15 anos (1997-2011), sendo 2005 o ano mais quente alguma vez registado, apesar de recentes notícias apontarem 2010 como o ano mais quente de sempre.
Fonte: NOAA, National Climate Data Center,
O Ártico é um desses sistemas onde a temperatura aumentou aproximadamente 3°C desde 1980 (Lemke, 2007). Os glaciares/coberturas de gelo são altamente sensíveis às mudanças climáticas sendo uma variável fundamental nos programas de monitorização do clima. Tornam-se tão ou mais importantes dado que representam ¾ de toda a água potável existente no planeta. No documentário Chasing ice um céptico das alterações climáticas, tenta provar que o aquecimento global não é caso para tanto alarme, mas acaba por ter uma surpresa, rendendo-se ás evidências.

Como é possível concluir da análise dos dados sobre a concentração de CO2 presente nos núcleos de gelo da Antárctica, nos últimos 400 000 anos a concentração de dióxido de carbono na atmosfera oscilou consoante os períodos glaciares ou interglaciários. Na verdade sempre existiras mudanças no clima ao longo da história do planeta, mas a verdade é que ultimamente a temperatura tem aumentado, ainda que haja anos mais quentes que outros, no geral tem havido um aumento gradual da temperatura.



O gelo na Antártida está a aumentar
Se realmente os cientistas de um inteira comunidade cientifica nos estivessem a enganar, todas as zonas do mundo com gelo estariam a aumentar a sua área com gelo, certo? o que acontece é o contrário.
No caso do gelo nos polos, o que acontece é o seguinte; existe um  periodo de crescimento do gelo sendo esse período no Inverno, mas que tende a ser mais curto que o periodo de degelo.
Documentário Chansing Ice, graças a filmagens constantes em vários pontos do planeta, foi possivel visualizar o gelo a derreter e a recuar. Documentário elaborado por um James Balog um ex Céptico das Alterações Climáticas

Depois existe uma diferença em derreter em espessura e derreter longitudinal.Muitas vezes o gelo está a derreter nas camadas inferiores e á superfície quase que se mantém inalterado, isso porque a água em profundidade tende a ser mais quente que á superficie. Além que o gelo continental, é diferente do gelo oceânico. O gelo continental acumulou-se ao longo de milênios sobre o continente por meio de precipitação de neve. Este gelo, na verdade, é água dos oceanos que um dia evaporou e então caiu na forma de neve.
Mas o fenômeno pode ser explicado mais detalhado aqui num artigo do jornal The Guardian.
Além disso muita da  temperatura está a ser transferida para os fundos oceânicos.
Pode ler o artigo cientifico aqui:
http://www.sciencemag.org/content/345/6199/897
Estes ciclos, em que parte da temperatura atmosférica é transferida para os fundos oceânicos, duram cerca de 20 a 35 anos. 

Se houver um culpado é o Metano 
Este argumento veio a ser usado e massa, depois do cocumentário Cowspiracy. Em que se baseia que o gado bovino, é o principal culpado dos problemas ambientais do planeta, pelo facto de expelirem grandes quantidades de metano para atmosfera, grande quantidade de floresta têm sido devastada para semear alimento para o gado, pois a humanidade está demasiado dependente de carne e pelo facto de que grandes quantidades de água são gastos para as explorações de gado.
A mensagem do documentário pode ser aproveitada. Um quilo de carne por exemplo quando chega ao nosso prato, foram gastos cerca de 15 mil litros de água, mas isso dava outra conversa.O facto do gado expelir metano para a atmosfera principalmente nas enormes explorações de gado é um problema sim. Mas não esquecer também do permafrost (solo permanentemente gelado) por debaixo da plataforma, considerado há muito como uma barreira impermeável, está perfurado e a deixar escapar grandes quantidades de metano para a atmosfera. Artigo do público pode ser lido aqui e outro do folha aqui.

O metano é também um gás com efeito de estufa, existente no meio natural que tem observado um aumento significativo por via das emissões devido a fatores antropogénicos. Como o dióxido de carbono calcula-se que o Planeta esteja preparado para “lidar” com um certo volume de emissões geradas por fontes naturais, como os terrenos pantanosos, as térmitas através do seu processo digestivo, os oceanos, rios e estuários, os hidratos de metano presentes em zonas subaquáticas profundas ou em zonas de sedimentação,  as emissões produzidas por vulcões, fogos, mas grandes quantidades de metano já se sabe o que pode resultar.

Apesar de diminuta, quando comparada com o dióxido de carbono, a produção de metano e a sua concentração na atmosfera (1,775 ppm em 2005 quando comparadas com 380 ppm de dióxido de carbono), representa atualmente cerca de 14% do efeito de estufa devido ao facto deste gás ser 20 vezes mais eficaz que o CO2 na absorção de radiação.

Metano libertado pelo permafrost

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Todos os cientistas que defendem o aquecimento global são pagos para o fazer.
Existem cientistas que pertencem a governos e organizações, ONG's, mas também existem cientistas que o fazem individualmente. Desde meros estudantes que fazem pesquisas para as usas teses de mestrado ou doutoramento. E depois existem empresas que pagam a cientistas para negarem o aquecimento global. Existem casos bem conhecidos;

"Esta arrogância é acompanhada por milhares de opinion-makers [comentadores] a soldo, assim como órgãos de comunicação social que colocam no mesmo plano cientistas do IPCC e comentadores que têm "ideias" sobre "assuntos". Várias redes de financiamento por parte das petrolíferas e alguns grupos económicos, tal como os think tanks [grupos de estudos, pensamento] de céticos do clima já foram expostas publicamente."
 in Visão

Muitos destes cientistas contradizendo o aquecimento global, conseguem aparecer. Muitos nem precisam de ter um curriculum muito reconhecido, para terem uma oportunidade para discursar na TV ou na rádio. Isto só porque não se concorda com uma ideia cujo outros 97% concordam.

O artigo poderá ser lido na totalidade aqui. Empresas que contribuem mais para as alterações climáticas.
Cépticos boicotam ensino das alterações climáticas.




Não há consenso na comunidade cientifica
A posição das Academias de Ciências de 19 países, mais várias organizações científicas que estudam climatologia, é que os seres humanos estão a causar o aquecimento global. Mais especificamente, 97% dos climatologistas que ativamente publicam estudos reforçam a posição do consenso. Não adianta dizer que são todos pagos. As petroliferas com os seus enormes cofres de dinheiro, caso soubessem que era uma mentira, rapidamente se aprontavam em negar a existência do problema, apesar de algumas o fazerem! Mas o que estamos a assistir é o contrário, as petroliferas estão agora mais focadas nas energias verdes.
Assim como as companhias de seguros que estão cada vez mais de "pé atrás" devido ao crescente numero de desastres naturais.

O consenso do IPCC não é falso como se diz em alguns sítios da internet, 113 países concordam que o problema da alterações climáticas é um problema.

No ano 2000, o IPCC publicou um relatório especial sobre as emissões de gases com efeito de estufa, para o século seguinte (SRES – Special Report on Emission Scenarios), produzindo um total de 40 cenários futuros possíveis, agrupados em quatro famílias principais – A1, A2, B1 e B2. Os cenários têm por base variáveis sobre o crescimento populacional, o desenvolvimento social e económico, as principais fontes de energia e desenvolvimento tecnológico. De modo a não haver apenas um cenário, pois não se pode apenas pegar num apenas cenário e fazer previsões ou dizer que estas estão erradas com base nesse mesmo, daqui a 10 anos muita coisa muda e um cenário apenas, pode deixar de poder fazer efeito. Os cépticos costumam referenciar apenas um cenário, vindo a confirmar mais tarde que nada disso aconteceu.

2 cenários exemplo:
- A família de cenários A1 descreve um futuro de rápido crescimento económico mundial, reduzido crescimento populacional e rápida introdução de novas e mais eficientes tecnologias. Os grandes temas subjacentes são a convergência entre regiões, desenvolvimento das capacidades e aumento de interações sociais e culturais, com uma substancial redução nas diferenças do rendimento per capita ao nível regional. A família de cenários A1 desenvolve-se em quatro grupos que descrevem direções alternativas para a mudança tecnológica e sistema energético;
- A família de cenários A2 descreve um Mundo bastante heterógeno. O principal tema subjacente é a independência e a preservação das identidades locais. Os padrões de fertilidade nas regiões convergem lentamente, o que resulta num elevado crescimento populacional. O desenvolvimento económico é, numa primeira fase, focado nas regiões sendo que o crescimento económico per capita e as mudanças tecnológicas são mais fragmentadas e lentas do que noutras famílias de cenários


As estações de medição não são fiáveis
Uma das imagens que os cépticos costumam mostrar são as estações localizadas em cidades, centros urbanos em que a temperatura tende a ser maior nesses locais. È claro que existem estações em centros urbanos, é importante visualizar a temperatura nesses locais, mas existem muitas outras estações, seja em oceanos, em locais remotos.Podemos comparar temperaturas de estações meteorológicas bem localizadas com aquelas mal localizadas. Ambas mostram o mesmo aquecimento.O aquecimento é inequívoco. Estações climáticas, medições dos oceanos, diminuições na cobertura de neve, reduções no gelo do oceano Ártico, longos períodos de crescimento, medições de balões e satélites: todos mostram resultados consistentes.
 E mais ultimamente os satélites já são capazes de nos dar dados mais fiáveis que mostram a realidade do problema.
Além disso, já somos capazes de ver alterações diretas no mundo que nos rodeia, seja pelos muitos estudos constataram grandes alterações nas características de plantas e animais. Por exemplo, as plantas florescem numa fase mais precoce do ano e os animais migram para norte ou para zonas mais altas à medida que os seus habitats aquecem.

A agricultura irá continuar a sobreviver
O que acontece na agricultura no hemisfério Norte é o seguinte; os Outonos e Invernos, mais propriamente de Outubro a Dezembro tornaram-se mais chuvosos, mas de Janeiro a Abril a chuva escasseia, mas era nesses meses que as culturas mais precisavam de água. A primavera vêm mais cedo.

Os recursos hidricos para regas começam a ficar escassos, veja-se o exemplo do mar Aral, seja pelo uso excessivo dos recursos, seja pela contaminação dos mesmos. A procura de novos terrenos para alimentar o crescimento de demográfico, obriga por vezes o Homem a desmatar florestas.

Professor Molion
Quando se argumenta principalmente na internet sobre as alterações climáticas, é comum não raras vezes vir á baila o professor Moulion. Só que muitos dos argumentos dele já estão a ficar ofuscados. Ele defende as ilhas de calor, mas esse já é um argumento ultrapassado, o projecto Berkeley Earth Surface Temperature, que pretendiam provar que tudo era de facto uma farsa, um projeto pretendia provar que de facto os cépticos teriam razão.

Algumas afirmações do professor Molion:
- Professor Molion: Ocorreu fortemente um aquecimento entre 1925 e 1946, e nessa época, o homem lançava na atmosfera menos de 10% do carbono do que lança hoje. Esse aquecimento, que é ainda maior do que o atual pode ser explicado por fenômenos naturais.
Como já afirmamos devido a fenômenos naturais o planeta tem aquecido e arrefecido em determinado épocas. Algum do aquecimento ainda é  resultado do acumulo de carbono na atmosfera, ou seja, o gás carbônico emitido em 1925 ainda está presente na atmosfera nos dias de hoje. O problema é que desde a revolução industrial, a concentração de gás carbônico na atmosfera subiu  mais 35%. Se considerarmos o metano, veremos que este outro gás que também aumentou. Não se pode apenas pegar numa pequena amostra de tempo para dizer que o clima não é controlado por carbono. Além que vale a pena lembrar que as temperaturas entre 1925 e 1946 eram menores do que hoje.

- Professor Molion: O clima na verdade não está aquecer, veja-se os EUA por exemplo.
Qualquer pesquisa rápida mostra que a última década foi a mais quente da história dos Estados Unidos. Não se pode apenas usar os Estados Unidos como base. O nome do fenômeno já diz tudo "aquecimento global". Não é um país apenas que vai mostrar o que está acontecendo com o mundo todo. Há de fato alguns paises que sofrerão um desaquecimento, mas a questão é que a terra como um todo está mais quente. Molion mostra mais uma vez que não entende nada de amostragem.

- Professor Molion: Existe um sistema a bordo de satélites que leva a sigla MSU, um sensor de microondas que existe desde 1968. Ele indica que, nestes 30 anos passados, não há um aumento significativo de temperatura. Houve um aumento de temperatura entre 77 e 99,
 O oceano Pacífico está a passar por um aquecimento, se isto fosse mentira então o que veríamos seria o aumento dos recifes de coral, pois o coral  responde positivamente a águas mais frias. No entanto, o que ocorre é que as barreiras de coral estão a morrer.

- Professor Molion: Desde 1999, o Oceano Pacífico está a arrefecer. Hoje, não só monitoramos os oceanos, mas existem mais de 3.200 boias à deriva que são mergulhadoras. Elas mergulham até 2.000 metros de profundidade, deslocam-se com a corrente marinha e nove dias depois elas sobem, e passam os dados para o satélite.
Os oceanos, de maneira geral, estão arrefecer nos últimos seis, sete anos. E, nos últimos 10 anos, a concentração de CO2 continua a subir.
Esses são dados duvidosos, o argumento não faz o menor sentido. Vamos supor que a Terra realmente arrefeceu ou tem arrefecido, ainda assim não poderíamos dizer que o efeito estufa não é verdade. A tendência de aquecimento global é resultado de mais 300 anos de dados e não o que aconteceu na última década apenas. Então porque o topo do Kilimanjaro perdeu mais de 60% da neve que continha, por que a Groelandia perde gelo a taxas recordes?



Documentário "a farsa do aquecimento global"
Feito para parecer uma paródia séria do filme de Al Gore, é utilizada uma estrutura narrativa idêntica, mas com uma produção mais "barata", até porque representa uma causa sem apelo público, o ponto alto é a utilização do mesmo gráfico que AlGore utilizou, só que provando que ele estava equivocado em sua leitura.
Ao contrário do que se possa dizer, tenho de discordar daqueles que dizem que existe interesse político particular por parte de Al Gore, até porque, depois do documentário já ocorreram eleições para congressista, governante e presidente e ele não se interessou por nenhuma, preferiu continuar sua peregrinação pelo mundo divulgando sua causa.

Durkin o realizador, exagera chegando a dizer que a culpa da miséria africana é dos ambientalistas, que impedem o desenvolvimento, por não permitirem o avanço de industrias nos países do continente. Os ambientalistas só preferem fontes alternativas sejam utilizadas nesses países ao invés de petróleo, carvão, alguns paises Africanos desenvolveram a sua economia baseado no sistema do petróleo e a miséria continua. Depois a ideia de que a questão ambiental é uma arma para impedir o crescimento dos países emergentes como a Índia e a China,  se isso fosse verdade, os Estados Unidos seriam os primeiros a concordar com o aquecimento global há muitos anos atrás.



Sites consultados:
http://www.skepticalscience.com/
http://wattsupwiththat.com/widget/
http://www.earthonlinemedia.com/
http://climaticas.blogspot.pt/

Bibliografia:
Santos, M. (2012). As alterações Climáticas numa perspetiva á ameaça da segurança nacional. Dissertação de Mestrado Gestão do Território. Lisboa. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Mariana C. Santos

H.L. Miller (eds.), Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge

LEMKE, P., J. (2007) “Observations: Changes in Snow, Ice and Frozen Ground”, in S. Solomon, D. Qin, M. Manning, Z. Chen, M. Marquis, K.B. Averyt, M. Tignor and H.L. Miller (eds.): Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge

Ventura, A. Da C. (2009). Um contributo para o estudo das alterações climáticas: Entre os discursos, as percepções dos riscos, e as práticas quotidianas numa amostra da população da freguesia de Alcântara: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Universidade Técnica de Lisboa




segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Construções Ecológicas



Ainda sobre as construções ecológicas, podem ser incluídas as casas cuja a sua construção é a base de barro/Terra. ao contrário do que se possa pensar, as casas feitas á base deste material são altamente resistentes, como é possível ver ao longo deste documentário. Basicamente criou-se o mito de que o cimento é mais resistente, numa tentativa de sucesso para dar mais lucros á construção cívil.

Para se ter uma ideia um terço da população mundial vive em casa de terra. E não pense que são apenas paises pobres, na França há edifícios deste tipo com 6 andares que estão de pé há 300 anos, inclusive há países em que essas construções atingem 10 andares sem a necessidade de levar cimento ou aço ou ferro, construções com sete mil anos, ainda estão de pé, exemplos não faltam.
a vantagem é que este tipo de construção é mais confortável termicamente, utiliza de 20 a 100 vezes menos energia e, consequentemente, menos poluição ambiental.
Os materiais da bioconstrução são em grande parte conseguidos no próprio local e podem ser facilmente reciclados.  Infelizmente criou-se um esterótipo em que as pessoas identificam, associam as casas feitas com este tipo de material á pobreza mas na verdade o resultado é a casa ecológica-sismo-resistente, uma opção ambiental, barata e muito segura.

Um documentário a ver sem falta é El Barro, Las Manos, La Casa em que o processo é explicado, assim como todas as vantagens. È um documentário que pode ser esmiuçado e pode ser utilizado como educação ambiental, de modo a sensibilizar a população, assim como desmistificar o mito associado á pobreza.

P.S: O documentário pode ser visto online, na hiperligação do texto.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Importância do Lobo para o ecossistema



Talvez por desconhecimento, ouve-se com alguma frequência, que o lobo não faz falta nenhuma, que só dá prejuízo. Desconhecem por completo a importância que a população de lobos pode trazer para o ecossistema.
O nosso pais tem o privilégio de ser dos poucos países da União Europeia e da Europa Ocidental, onde ainda sobrevivem populações viáveis deste carnívoro.
Devido á perseguição que sempre houve contra o Lobo, muitos países de Europa erradicaram a presença do Lobo como sinal de desenvolvimento.
 Já desde 1990, que o lobo está totalmente protegido em Portugal, sendo proibido o seu abate ou captura e a destruição ou deterioração do seu habitat, ainda assim apesar dos esforços, têm havido alguma resistência na conservação desta espécie.

A situação actual do lobo e a regressão que tem vindo a sofrer devem-se à acção directa ou indirecta do Homem. A diminuição e extinção das populações de ungulados silvestres (veado e corço), isto deve-se também á fraca sensibilização de caçadores.

As presas naturais do lobo escasseiam e obriga o lobo atacar animais domésticos para
sobreviver, sendo este o principal motivo do ódio do Homem para com o lobo, que o persegue ilegalmente através do tiro, laços e veneno.
Outra ameaça séria que o lobo enfrenta é a fragmentação da população devido à proliferação de barreiras que dificultam a livre circulação de lobos (como barragens ou redes viárias de grande fluxo de tráfego).

A predação do lobo possui igualmente implicações benéficas na sanidade e vitalidade das populações das suas presas, uma vez que se alimenta, preferencialmente, dos animais mais fracos, idosos ou doentes, prevenindo a propagação de doenças e a sobrevivência de indivíduos reprodutores menos aptos.
Ou seja o lobo ao comer os animais mais doentes, acaba por evitar a proliferação das doenças, posteriormente, esse cadáver deixado pode servir ainda de alimento para outro tipo de espécies, como é caso das aves de rapina, assegurando assim a sua sobrevivência com mais abundância de alimento.





As taxas de mortalidade nos animais domésticos devido à predação do lobo são bastante inferiores às
verificadas devido a doenças como a Tuberculose e a Brucelose, ou outras causas.

Com efeito, Costa & Moreira (1998) referem que na região de Bragança, as taxas de mortalidade de ovinos, devido à predação do lobo (0,1%) são bastante inferiores às causadas pela brucelose (7,3%), pela mortalidade natural dos cordeiros até um mês de idade (3,5%), por outras doenças (1,4%) ou até mesmo pelos partos (0,6%). Os mesmos autores verificaram igualmente que para os caprinos, a brucelose (5,8%) e outras causas (1,4%) possuem taxas de mortalidade superiores as causadas pelos ataques de lobo apenas, 0,6%.

Desta forma o impacto da predação do lobo encontra-se longe de ser a causa de maior
mortalidade nos rebanhos e, permite supor que a maioria dos animais domésticos que supostamente foram caçados pelo lobo, poderão na realidade encontrar-se já fortemente debilitados ou mesmo moribundos, devido a doenças ou outras causas de morte. Assim, o lobo poderá comportar-se mais como um necrófago do que como um predador.

O conflito Homem-Lobo

As histórias de humanos atacados por lobos, estiveram sempre presentes ao longo da história, mas são de facto exageradas. Não se conhecem casos em que um homem de porte médio, possa ter sido devorado por um lobo, e nos dias de hoje um cajado é quanto basta para afugentar um lobo, que o digam os pastores de Abruzzos na Itália, mas já lá vamos...

Numerosas lendas, têm origem no periodo de guerra e fome ou epidemias, em que poderia haver a imagem de um lobo a devorar um cadáver que teria ficado para trás. Em Portugal é possível que os pastores mais velhos, contém não rara vez, que um ou mais lobos outrora o quiseram atacar. O lobo pode, se em matilha, mostrar-se algo ameaçador aos olhos dos que o não conhecem. Na verdade, quando o lobo mostrou os dentes, é para os cães e não para o pastor.

Ainda sobre as queixas dos ataques do lobo a rebanhos,  verifica-se actualmente, por parte dos pastores e proprietários de gado, um total desinteresse pelos sistemas tradicionais de pastoreio e de protecção do gado (e.g. utilização de cães de gado e de métodos de condução e confinamento nocturno do rebanho), deixando os seus animais sem qualquer protecção, inclusivamente em áreas de forte presença de lobo. Apesar de ultimamente, terem havido esforços e terem sido oferecidos cães de raça autóctone aos pastores, como é caso do cão de gado Transmontano.



O conflito Homem-Lobo possui também uma forte componente cultural que atribui ao lobo uma imagem negativa, mas que, simultaneamente torna este carnívoro num elemento importante da cultura rural. A actual relação cultural entre o Homem e o Lobo tem origem na Idade Média, quando o lobo foi utilizado por parte da Igreja católica, como símbolo satânico.

A religiosidade das gentes medievais fez com que, depressa assimilassem esta ideia, dando ao lobo uma dimensão mitológica, de besta sobrenatural e devoradora de Homens que em muito contribuiu para a perseguição e extermínio implacável que o lobo sofreu nos últimos séculos. A grande religiosidade ainda expressa nas actuais comunidades agro-pastoris das montanhas do Norte ibérico, associado ao isolamento geográfico em que vivem, permitiram a sobrevivência até hoje de um rico património cultural relativo à sua relação com o lobo, expressa em várias lendas, mitos, crenças e aspectos materiais, que já é impossível encontrar em outras regiões da Europa.

Além destas manifestações culturais de origem medieval, é necessário, também, ter em conta os “mitos modernos”; a "historia do Lobo mau" ,  "lobo como animal satânico, que devora o rebanho de Deus" são mitos que têm que ser abandonados para uma preservação mais eficaz da espécie.


Distribuição do Lobo Ibérico em Portugal


O Lobo solitário

Muitas vezes surge a questão se o lobo pode atacar sozinho. a maior parte dos lobos vive em grupo. Os lobos solitários são geralmente mais novos, em busca de um território ou de uma fêmea.


Lobo usado como Ecoturismo

O Ecoturismo é, possivelmente, a melhor forma de valorizar economicamente o lobo, pois além de educar e sensibilizar o público sobre a espécie.
No Parque Nacional de Yellowstone por exemplo um exemplo esclarecedor: Segundo um recente estudo efectuado pelo economista J. Duffield da University of Montana, desde 1995, ano de reintrodução dos primeiros lobos nesta região, estes carnívoros passaram a ser o principal
motivo de visita dos turistas, que, em cada ano, gastam 35 milhões de dólares que beneficiam as
comunidades locais; desta forma, o uso turístico produzido pelos 250 lobos de Yellowstone eleva o impacto econômico da região a cerca de 70 milhões de dólares/ano.





O caso de Yellowstone, a importância do Lobo.

O lobo mata outros animais, devido a ser o topo da cadeia trófica, mas convém ressalvar que eles dão vida a muitas outras espécies. Um exemplo, é o que se passou no parque Natural de Yellowstone, os lobos foram reintroduzidos em 1995, mas até então estiveram ausentes durante 70 anos. O numero de veados e outros herbívoros era um numero enorme, por não terem predadores naturais. Mesmo os esforços dos humanos em caçar, não conseguiram reduzir o numero e as consequências foram que conseguiram reduzir a vegetação a um nível assustador em que já pouca comida restava para a própria espécie de veados.




Não é de estranhar que em muitos lugares onde a alguma espécie vegetal está em vias de extinção, possa ter a ver com o numero elevado de herbívoros.
Quando os lobos chegaram em 1995, houve mudanças no ecossistema, com efeitos notáveis.
Os lobos naturalmente começaram por matar alguns veados. Os veados por outro lado começaram a mudar o seu comportamento, começaram a evitar algumas zonas do parque, particularmente falo dos desfiladeiros e vales, onde havia a facilidade de serem encurralados mais facilmente. Imediatamente a flora desses locais começou a regenerar, em algumas áreas a altura das arvores quintuplicou em apenas 5 anos. Vales de mato, rapidamente se transformaram em bosques. Assim que as arvores começaram a crescer, as aves começaram aparecer, o seu numero aumentou drasticamente, e o numero de castores também. Os castores tal como os lobos, são "engenheiros" dos ecossistemas, eles criam nichos, para outras espécies.

Os lobos mataram os coiotes e como resultado disso, o numero de ratos e coelhos aumentou também, o que significa mais falcões e doninhas e mais raposas.  Corvos, desciam para se alimentar de carcaças que lobos deixavam para trás, o seu numero aumentou também, assim como os ursos, pois havia mais bagas para se alimentarem.
A parte mais interessante, é que a presença dos lobos, mudou também os comportamento dos rios. Havia menos erosão, devido á fixação de vegetação rasteira nas margens, as galerias ripícolas aumentaram,  os canais estreitaram, e naturalmente surgiram mais açudes e rápidos. Sendo que os rios, tornaram-se mais fixos, definitivamente.

Os lobos apesar de numero pequeno de efetivos, transformaram o ecossistema.

Um interessante artigo, foi feito pelos alunos de mestrado de Educação Ambiental do Instituto Politécnico de Bragança, nomeadamente sobre a percepção dos pastores sobre a comunidade lupina na zona de Bragança, e chegou-se a uma conclusão de que ainda não existe uma aceitação por parte de grande parte dos pastores. Esse artigo poderá ser disponibilizado, posteriormente.

Nota: artigo de índole de opinião pessoal, baseado em alguns autores, onde deixo na bibliografia. Este não é um artigo académico cientifico!

Ricardo Ramos




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CABRAL, M. J.; M. E. OLIVEIRA; C. ROMÃO; H. M. SERÔDIO; A. TRINDADE; S. BORGES & C.P. MAGALHÃES (1987); Alguns vertebrados do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Publicações do Parque Nacional da Peneda Gerês, 48 pp.

ESPÉCIES EMBLEMÁTICAS & DESENVOLVIMENTO RURAL:
O POTENCIAL DO LOBO-IBÉRICO E DA SUA IDENTIDADE NA CULTURA POPULAR
Francisco ÁLVARES Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-UP) GRUPO LOBO – Associação para a Conservação do Lobo-ibérico e seu Ecossistema

ICN (1997). Projecto Conservação do lobo em Portugal. Relatório final no âmbito do Programa LIFE, Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.

MECH, L.D. & L. BOITANI (Eds), (2003). Wolves; Behavior, Ecology and Conservation. The University of Chicago Press. 448pp.

CABRERA, A. (1914):
- La Fauna Ibérica: Mamíferos. Museo Nacional de Ciencias Naturales, Madrid, 441 pp.