segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Earthlings - Terraqueos

Este é talvez o documentário mais chocante que já pude ver. Um autêntico murro no estômago, admito que tive de fazer sucessivas pausas para me recompor. Tenho "devorado" filmes e documentários ao longo da minha vida toda, já vi todo tipo de filmes, mas nunca imaginei que este documentário fosse mexer tanto comigo!

È um documentário, onde nada é escondido, não existe piedade pelo espectador, mas a verdade é que tem de ser assim para poder "chocar" e alertar o mundo. Existem cenas chocantes do inicio ao fim. Só pessoas sem coração, aguentam ver o filme até ao fim sem sentirem fazerem algumas pausas para se recompor.

Terráqueos é um doc gratuito, não precisa pagar para o ver. O objectivo é mesmo esse, ver e partilhar com os amigos. Este documentário devia chegar a toda a gente, inclusive devia passar nas universidades.

O filme mostra como funcionam as fazendas industriais e relata a dependência da humanidade, pelos animais, desde alimentação, vestuário e diversão, além do uso para experiências científicas. Poderoso, informativo e provocador, Earthlings é de longe o documentário mais compreensível já produzido na correlação entre a natureza, animais, e os interesses econômicos humanos. Existem muitos filmes valiosos de direitos dos animais, mas este transcende o cenário. Este documentário grita para ser visto. 

PODEM VER O FILME AQUI:
http://www.terraqueos.org/

http://www.restauranteterra.pt/animais/terraqueos.html

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O erro de Christopher McCandless



Quando ví pela primeira vez o filme "Into the Wild" confesso, que fiquei deslumbrado com o filme. Sean Pen foi brilhante, a fotografia, as belas paisagens transporta-nos para aquele cenário e banda sonora de Eddie Vedder é um luxo. Devo dizer que poucos filmes tiveram esse efeito em mim, de me fazer esquecer tudo, durante aqueles minutos de duração do filme. Mas o tema principal do filme é, sobre um jovem Christopher McCandless, um jovem americano farto de uma existência hipócrita e materialista, que após acabar a sua licenciatura com distinção, com direito a bolsa de estudo, por ser um excelente aluno. Era suposto seguir uma carreira de sucesso, influenciado pelo seu pai, que até tinha sido, cientista da NASA, decide que não! Decide abandonar a sociedade, a familia inclusive, sendo que esta ultima era quem o incentivava a levar uma vida de aparências. Partiu à aventura, em busca de um lugar onde possa viver em harmonia com a natureza selvagem, só assim, segundo ele seria feliz.

Este jovem aventureiro carregava uma dose grande, do livro; "desobediência civil" dentro de si (Thoreau era um de seus escritores preferidos). Inspirado, e depois o ódio pela sociedade, é o tipo de história  que ainda hoje serve de exemplo para milhares de jovens. Quem não gostaria de fazer algo idêntico??

Mas ainda assim, penso que Christopher McCandless. foi imprudente, é verdade que o filme nos possa mostrar o lado romântico da história, mas analisando bem as coisas...
Existem pessoas que o acusam  de ser egoísta, pela sua atitude de abandonar tudo, sem falar com a família, e partir para algo que ele próprio não estava preparado, apenas para engordar o seu ego. A familia essa, apesar de todos os seus defeitos, nunca lhe deixou faltar nada, mas penso que não concordariam com a sua atitude aventureira, dai eu entender o facto de ele ir embora sem avisar. Mas ainda assim, os pais amavam-no, desde o seu desaparecimento, os pais nunca mais tiveram sossego. Não sou pai, mas imagino de como seria o sofrimento daquelas pessoas se deveriam sentir.
Outros, como Jon Krakauer, (autor do livro que inspirou o filme) admiram o seu lado de aventureiro e heróico, a sua coragem de ir em busca do que o fazia feliz, algo que hoje em dia, ninguém tem coragem para o fazer. Afinal a felicidade pode estar na simplicidade, tirando partido das pequenas coisas da vida, vivendo aventuras e experiências que podem ficar tatuadas para sempre em nós.

Christopher McCandless doou os 24 mil dólares que tinha no saldo bancário a instituições de caridade e desapareceu numa viagem que não teria retorno.
No seu primeiro contratempo, abandonou um velho Datsun amarelo, queimou o dinheiro que trazia consigo e  partiu numa aventura, imprudente.
 O seu nome agora era Alexander Supertramp, partiu em busca de experiências, inspirado por Henry David Thoreau, Leon Tolstói e Jack London.

O erro
Quando ir para o interior do Alasca, devia ter ido melhor preparado.Os azares até aos bem preparados e experientes, acontecem, imagine o que pode acontecer a um amador.
A única comida que levava era um saco com cinco quilos de arroz. Dispunha de uma carabina com que tencionava caçar para se alimentar, mas não levava outro equipamento que pudesse ser adequado ao objectivo a que se propunha.
No caminho, acabou por encontrar um autocarro abandonado, que serviu de casa, onde se abrigou e se aqueceu. Foi apelidado de ‘Autocarro Mágico’ que hoje em dia é uma atracão turística.Se não fosse o autocarro, a vida dele, ainda teria sido mais difícil.
Escreveu um diário que manteve na contracapa de vários livros. Chegou alimentar-se de animais que caçou com sucesso, e de bagas que colheu na natureza. Leu vários livros, rabiscando-os com pensamentos próprios sobre a vida.
Antes de tentar ir para o Alasca, McCandless devia ter ido melhor preparado. No filme chegou a caçar um Alce e tentou conservar parte da sua carne. Essa tarefa foi um fracasso total e McCandless acabou por ficar com enormes remorsos por ter morto o animal e não ter obtido qualquer proveito. Isto aconteceu porque ele não sabia a técnica para fumar a carne e a conservar posteriormente.

Já ciente da sua má atitude e vendo as coisas negras,  McCandless decidiu em Julho fazer o caminho de regresso para sair do Alasca.
Porém, por causa do degelo, um dos rios apresentava um caudal e uma corrente que o tornavam intransponível no ponto onde McCandless o abordou.Mais uma vez se McCandless tivesse levado um mapa detalhado dessa zona, que poderia ter adquirido facilmente antes,  poderia ficar a saber que esse rio seria facilmente transponível mais para jusante, ou que existia um abrigo nas redondezas abastecido com alimentos de emergência.
Por não se ter preparado devidamente, adquirindo equipamentos que o ajudassem a contornar aquele problema, McCandless achou que aquele obstáculo o aprisionava no mundo selvagem que ele tanto queria viver e sentir. Perante esse cenário e sem experiência para encontrar alternativas, optou por regressar ao ‘Autocarro Mágico’ e enfrentar um destino pouco animador.

Christopher McCandless morreu a 18 de Agosto de 1992. Foi encontrado duas semanas depois, por dois caçadores de Alces. O seu corpo estava dentro de um saco-cama, no ‘Autocarro Mágico’. À altura da sua morte, estima-se que o seu peso rondasse os 30Kg. A causa oficial da sua morte foi ‘Morte por Fome’.
Jon Krakauer nunca quis acreditar nessa versão e sempre tentou arranjar forma de provar que a morte se tinha devido à ingestão de bagas venenosas. Fosse qual fosse a causa, McCandless morreu aos 24 anos, sozinho num autocarro perdido no meio do Alasca.
Chris McCandless terá morrido feliz? Apercebendo-se do seu fraco estado de saúde, ele escreveu a seguinte entrada no diário “Tive uma vida feliz, e agradeço ao Senhor. Adeus e que Deus vos abençoe a todos”.

Christopher McCandless teve uma morte lenta, em agonia e sofrimento, sozinho num autocarro abandonado no meio do Alasca. Isso nunca poderá ter nada de romântico ou ser visto como um ideal a seguir. A Natureza Selvagem não se compadece com ideais de aventureiros mal preparados. É implacável e ceifa os mais fracos.


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