quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Negacionismo Climático! Não têm espaço...

As alterações climáticas estão na ordem do dia. Aparecem desde a internet, jornais, noticias televisivas entre outros meios. Mas bata abrir a caixa de comentários das redes sociais, para constatar a quantidade de negacionistas das alterações climáticas que existem. Alguns deles manifestam-se com comentários pouco científicos, outros apenas com o característicos emojis de gozo ou riso. Este artigo, pretende ser uma resposta a todas as duvidas ou todas as insinuações dos negacionistas do clima. 

Existem uma diferença entre Cépticos e negacionista. O cepticismo é legitimo, procura dados e trabalha para construir uma posição de um determinado tema, fundamentado em duvidas honestas digamos. 

Richard Miller um céptico das alterações climáticas, estudou e chegou a conclusão que as alterações climáticas são reais, escrevendo inclusive uma carta com a sua posição actual em relação ao tema, não é vergonha nenhuma na ciência mudar a posição de ver as coisas, enquanto outras continuam a dizer que o problema não existe, e não fazem nada para defender a sua tese.


(Este artigo estará em constante atualização).

Pode ser uma imagem de texto que diz "EVOLUÇÃO DOS ESPECIALISTAS EM CIÊNCIA BRUNO.MONTORO CIENTISTAS FAMOSOS DOUTORES EM CIÊNCIA APRESENTADOR DE TV SEU JAIR, NO WHATSAPP 1900 2000 2010 2020"
Vários cientistas de renome negam que existem alterações climáticas.
Desde 1979, que empresas ligadas ao setor do petróleo, financiam cientistas para negar as alterações climáticas. [1],[2],[3]. Não é algo novo, outrora, as empresas de tabaco pagavam a "cientistas", médicos e celebridades para referir que o tabaco trazia vantagens a novel de saude e bem estar. 








Vejamos então quem são alguns dos cientistas, negacionistas das Alterações Climáticas:
Nenhuma descrição de foto disponível.



O post que circula é um resumo de um texto publicado em 2020 pela Fundação de Inteligência Climática (Clintel), uma organização com sede nos Países Baixos que se descreve como “fundação independente” e fundada por Guus Berkhout e por Marcel Crok. Trata-se de um geofísico aposentado que trabalhou para a gigante de petróleo Shell ou outro é jornalista.

Ao verificamos que há 1348 assinaturas na versão mais recente [4], 5 delas de Portugal. Dois engenheiros químicos, um investigador reformado da área da agricultura, um professor de Eletrónica e Informática da Universidade do Algarve e um membro de um projeto intitulado Sea Level Project. Fazendo pesquisa no documento, verificamos que oito subscritores são antigos funcionários ou investigadores ligados à gigante petrolífera Shell. 

Ficamos a perceber que praticamente nenhum dos signatários é cientista ou investigador na área do clima [5]. Por outro lado, o consenso que as alterações climáticas são em grande parte causadas pelo Sapiens é muito grande, entre 98% a 100%. [6],[7],[8].

Continua haver vários cientistas pagos, para duvidar das alterações climáticas. As universidades de Princeton e Penn State receberam propostas aliciantes, para que académicos, defedennssem o uso do carvão em países em desenvolvimento [22]Hoje em dia falsos institutos de pesquisa, lançam noticias, e estas têm milhares de partilhas, entre os leigos. lamentável. 

Mas estes negacionistas, cépticos, de onde surgem? Quais é que são os seus estudos? As ultimas pesquisas dessa minoria de 3% estão aqui [23] e podem ser consultados. Uma investigação [24] a estes estudos percebeu que todos tinham falhas: O erro mais comum foi apelidado pelos pesquisadores de “cherry picking” ("escolher cerejas"): onde são apenas utilizados os dados que conduzem à conclusão que se pretende chegar, ocultando informação que pode levar a resultados diferentes. Outra falha comum foi baptizada de “encaixe de curva”, quando o pesquisador utiliza diferentes variáveis para formar um gráfico, do aumento da temperatura, por exemplo, e “estica” a informação para que a curva do gráfico siga um rumo desejado. Sendo que alguns exemplos destes gráficos simplesmente contrariavam leis básicas da física. Por outro lado, a ciência do clima, têm um consenso muito fiável e forte:

Consenso Cientifico da várias Entidades. fonte NASA


Surgem por vezes inúmeras cartas, assinadas por "cientistas"ou académicos. Mas na verdade, quando analisados os seus curriculum de produção cientifica os mesmo deixam a desejar, se têm artigos, negando as alterações climáticas, os mesmo não surgem em revistas conceituadas revistas por pares. Academicamente tratam-se de alguém com atuação evidentemente limitada, trajetória que não demonstra produtividade académica fiável. Muitas vezes ligados á direita organizada [32], [33], [34]. A pequena percentagem de artigos a negarem as AC antropogénicas, ao analisar uma selecção desses artigos, concluiu-se que apresentavam falhas metodológicas, falta de informação de contexto, etc. O artigo que faz esta análise, “Learning from mistakes in climate research”[35].


Existem alterações no clima, mas essas alterações são de origem natural, o Homem, não tem capacidade de mudar o clima a nível planetário.

Neste debate, há uma coisa em que todos concordam: o clima já mudou naturalmente no passado. Muito antes da revolução industrial, o planeta passou por muitos períodos quentes e frios. Isso levou alguns a concluir que, se as temperaturas globais já mudaram naturalmente, muito antes do ser humano sequer pensar em poluir, então o aquecimento actual deve ser de origem natural. Os fatores naturais que podem influenciar o clima de forma natural, são o sol, os vulcões, e as variações de orbita da terra. 

Os seguintes gráficos dizem-nos a comparação entre factores naturais vs antropogenicos [10]:

As flutuações de atividade solar têm estado constantes ao longo do tempo. O que nos leva a querer que não têm influenciado em grande escala o Clima, sendo este, influenciado sim pelo dióxido de carbono e outros gases GEE

A EOS Sociedade Geofísica Americana publica um artigo que questiona se os vulcões terão mais influencia do que as actividade antropogénicas humanas no clima, as emissões humanas são até 200 vezes maiores que as emissões vulcânicas.. Link do artigo [9]

Ver ainda este e este estudos [11],[12].
Influência dos vulcões vs antropogénico dióxido de carbono [28]

Sempre me lembra haver estas vagas de calor, ou seja o calor que se faz sentir este verão, é algo normal para a época do ano.

Primeiro devemos perceber o que é uma vaga de calor. Considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é supeior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência [13]. As vagas de calor têm vindo a ser cada vez mais recorrentes. Um calor tropical, incêndios nas florestas, desmaios na rua e 45,5ºC à sombra. De 1884 a 1949 o calor também foi notícia em Portugal

Houve ondas de calor, ao longo da historia do planeta. Mas os gráficos, demostram-nos que são cada vez recorrentes, levando a períodos de seca, severa, que pode comprometer, vários setores, desde agricultura á saude. Como podemos ver no gráfico em baixo [14],[15]:

Mês de Julho de 2020 foi o mais quente dos últimos 90 anos




80 anos de Verão - PÚBLICO
Depois é importante explicar, que há uma diferença entre clima e tempo. O tempo refere-se às condições atmosféricas registradas num período de tempo curto - o tempo num determinado dia em Portugal, é um exemplo. 

Pode ser uma imagem de texto que diz "Sempre houve secas, mas: Nos últimos 75 anos; 1 por década de 1944 a 1980 2 por década de 1990 2010 4 por década de 2011 2021 2021/2022? muito rovavelmente. Se olharmos para os últimos 10 anos temos 5 secas. 5 anos hidrológicos em 10, em seca. o clima em Portugal não está a mudar. Já mudou. o país agrícola/floresta NÃO é gerido com esta realidade. Fontes: IPMA e APA."


O clima, por outro lado, é um panorama mais prolongado e completo dos padrões de tempo. Refere-se ás condições que prevalecem numa região ou em toda a Terra, e pode ser estudado com uma análise das tendências históricas, tal como mostra o gráfico em baixo. Percebemos que houve anos mais frios que outros, mas no cômputo geral, a tendência é as temperaturas tendem a vir a subir.

A taxa de aquecimento de 1998 a 2012 foi mais lenta que nos dois períodos anteriores de 15 anos.Gráfico NOAA Climate.gov

Além disso as Alterações climáticas, não são homogéneas para todo o mundo. Facto de estar a fazer muito frio nos EUA, pode haver temperaturas demasiado quentes para uma outra região do planeta. 

Enquanto os EUA recebiam com ar frio, o resto do mundo tinha um temperatura anormal mais quente. ver aqui

O clima sempre mudou, é apenas um ciclo natural o que estamos a passar

Um dos grandes argumentos dos negacionistas das alterações climáticas é justamente de que já passamos por períodos mais quentes recentemente e sobrevivemos
Embora haja evidências sugerindo que o Período Quente Medieval possa ter sido mais quente do que hoje em muitas partes do globo, as evidências também sugerem que alguns lugares eram muito mais frios do que hoje, incluindo o tropical pacífico. Essa é uma das críticas em relação aqueles que defendem um ceticismo baseado no período Medieval.
Desde o aquecimento do início do século, as temperaturas subiram muito além das alcançadas durante o Período Quente Medieval na maior parte do globo. A National Academy of Sciences Report on Climate Reconstructions ainda em 2006 verificou de forma plausível que as temperaturas atuais são mais quentes do que durante o Período Quente Medieval.
Outras evidências obtidas desde 2006 sugerem que, mesmo no Hemisfério Norte, onde o Período Quente Medieval era o mais visível, as temperaturas estão atualmente além das experimentadas durante os tempos medievais. Isto também foi confirmado por um importante artigo com a participação de 78 cientistas representando 60 instituições científicas em todo o mundo em 2013. [15],[17]
Aqui [16], podemos ver o caso concreto de Portugal, para o mesmo período. E como já podemos ver anteriormente, antes dos humanos, o clima era influenciado de facto por fatores naturais, hoje são os fatores antropogénicos que influenciam o clima. Na imagem seguinte podemos ver o pedido do Eoceno [18] , em que o calor, na altura fez derreter as calotas de gelo e o nível do mar subir. O que causou esse aumento de temperatura? Apesar de o aquecimento poder ter sido desencadeado por múltiplas causas, as causas principais foram a forte atividade vulcânica e a emissão de gás metano que se encontrava armazenado. Além disso, as concentrações de dióxido de carbono aumentaram exponencialmente aumentando a temperatura entre 5 a 8 graus. [19],[20]. Ainda assim, vale ressalvar, que foram precisos 20.000 anos para todo este processo ocorrer, ou seja foi um processo algo "lento" o que permitiu a algumas espécies se adaptar e outras se extinguir. [21].Este evento global teve um efeito catastrófico na vida neste período e várias espécies de organismos planctônicos, extinguiram. Por outro lado, muitos animais novos apareceram nessa época, incluindo veados, vacas, camelos, cavalos e primatas, muitos de seus homólogos modernos ainda estão por perto hoje. Com este processo podemos aprender, ou seja, o aumento de temperatura não vai acabar com os Sapiens, mas muitas espécies vão falecer, e inclusive várias pessoas nas diferentes partes do mundo, terão que se adaptar, migrar ou collapsar. 
History of Plants: Eocene Epoch - Genius Hour: History of Plants





O dióxido de Carbono, não é um poluente, é um gás vital á vida e não contribui para as Alterações Climáticas.

O passa a ter o estatuto de  poluente, na medida em que o dióxido de carbono "perturba o ecossistema". Um poluente é uma substância que prejudica ou os humanos ou o ambiente", ou seja, “nesta definição lata do que é um poluente, o CO2 encaixa-se perfeitamente, porque o efeito de estufa associado aos gases de estufa, que incluem o CO2, está a prejudicar grandemente o sistema climáticoos ecossistemas e as pessoas" [25], [27]

As palavras atribuídas a Antonino Zichichi foram, de facto, recolhidas a partir de um artigo de opinião assinado pelo cientista que é conhecido por criticar o que entende ser um "catastrofismo climático". Foi publicado no jornal italiano "Il Giornale", a 30 de setembro de 2019, com o seguinte título (em tradução livre): "Cara Greta, estude: Poluição e clima são coisas diferentes."

A citação é autêntica, mas a teoria que veicula não tem fundamento científico. Uma pesquisa pelos dados avançados pelo cientista italiano - nomeadamente sobre a tese de que a atividade humana teria um impacto de apenas 5% no aquecimento global - não originou resultados que comprovassem esta teoria. Além de nenhum artigo científico fiável confirmar esta percentagem [26].

Por outro lado o excesso de Co2, pode não ser assim tão benéfico para as flora terrestre. Em condições Controladas de temperatura, humidade e abastecimento de agua e nutrientes, mais CO2 induz a mais fotossíntese. Mas nas alterações climáticas não temos condições controladas, como numa estufa por exemplo. Se mudarmos alguns destes parâmetros, principalmente os dois primeiros, temperatura e humidade,faz com que independentemente de haver mais CO2, faz com que uma determinada planta entre em stress. Em sua defesa, a planta pode mesmo diminuir a quantidade de fotossíntese. ver aqui. [29],[30]

Sendo que em biologia se sabe que as plantas podem fechar os estomatos, como mecanismo de defesa. Além que o exagero de CO2 pode também fazer com a vegetação entre num estado de saturação [31]

Essa falácia que o CO2 é alimento das plantas, sim é, mas existem outros factores a ter em conta.



Bibliografia:






[1] https://www.nytimes.com/2015/11/06/opinion/fossil-fools.html
[2] https://www.theguardian.com/environment/2015/jul/08/exxon-climate-change-1981-climate-denier-funding
[3] https://www.theguardian.com/environment/2017/feb/28/shell-knew-oil-giants-1991-film-warned-climate-change-danger
[4] https://clintel.org/wp-content/uploads/2022/09/WCD-version-091522.pdf
[5]https://observador.pt/factchecks/fact-check-declaracao-assinada-por-cerca-de-1200-cientistas-profissionais-prova-que-emergencia-climatica-nao-existe/?utm_medium=Social&utm_source=Facebook&fbclid=IwAR3k7NrF_K2lLyZEHvSBbWSkb1ZQQ1HBWgEW003ffPahwFviKnA_ruFtA_Y#Echobox=1664448175
[6]https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/ac2774/meta
[7]https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0270467619886266
[8]https://www.science.org/doi/full/10.1126/science.1103618
[9] https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1029/2011EO240001
[10]https://www.carbonbrief.org/analysis-why-scientists-think-100-of-global-warming-is-due-to-humans/
[11]https://www.carbonbrief.org/analysis-why-scientists-think-100-of-global-warming-is-due-to-humans/
[12]https://www.researchgate.net/publication/334063969_Climate_Change_impacts_policy_and_perspectives
[13]https://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=onda.calor.xml
[14]https://www.sulinformacao.pt/2020/08/mes-de-julho-de-2020-foi-o-mais-quente-dos-ultimos-90-anos/
[15]https://nap.nationalacademies.org/read/11676/chapter/1?fbclid=IwAR3wMooIMqm0k_CrXKhDE82hI8ABBU-Yhun9hFmazo54LDToBKyCGe6Boic#v
[16]https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0277379104001702?fbclid=IwAR05SSNrFhUrjtucyIPJdOKWMf-NiDWBjVY7b54gSUGdf7ADIfqVUb_aV84&via%3Dihub
[17] https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1809600115
[18] https://pt.wikipedia.org/wiki/Eoceno[19]https://pt.wikipedia.org/wiki/Máximo_térmico_do_Paleoceno-Eoceno
[20]https://www.nature.com/articles/353225a0
[21]https://2ea.co.uk/paleoceneeocene-thermal-maximum-doesnt-compare-to-the-21st-century-understanding-our-effect-on-the-climate/
[22]http://pbmc.coppe.ufrj.br/index.php/en/news/552-cientistas-foram-pagos-para-escrever-pesquisas-duvidando-das-mudancas-climaticas
[23]https://link.springer.com/article/10.1007/s00704-015-1597-5#copyrightInformation
[24]https://www.theguardian.com/environment/climate-consensus-97-per-cent/2015/aug/25/heres-what-happens-when-you-try-to-replicate-climate-contrarian-papers
[25]https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/aquecimento-global-so-5-depende-das-acoes-humanas-garante-se-nas-redes-sociais
[26] https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/aquecimento-global-so-5-depende-das-acoes-humanas-garante-se-nas-redes-sociais
[27]https://scholar.google.com/scholar?hl=pt PT&as_sdt=0%2C5&as_rr=1&as_vis=1&q=greenhouse+effect&btnG=
[28]https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1029/2011EO240001
[29]https://skepticalscience.com/co2-plant-food.htm
[30]https://www.sciencedaily.com/releases/2008/02/080211172638.htm
[31]https://www.researchgate.net/publication/24376339_Elevated_CO2_Effects_on_Plant_Carbon_Nitrogen_and_Water_Relations_Six_Important_Lessons_from_FACE
[32]http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com/2012/11/a-negacao-da-mudanca-climatica-e.html
[33]https://ipco.org.br/meteorologista-luiz-carlos-molion-participara-do-painel-ipco-na-proxima-quinta-feira-21-de-junho/#.WX9BlSMrLaY
[34]http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com/2017/07/de-onde-saiu-tanto-negacionismo.html
[35]https://link.springer.com/article/10.1007/s00704-015-1597-5